segunda-feira, 6 de outubro de 2014

Cozinha também é cultura #4

Ainda nos momentos históricos de Petrópolis, outra dica de um bom livro vai para A Canja do Imperador, de J.A. Dias Lopes (Companhia Editora Nacional; 446 páginas; 38 reais). Misturando crônicas e receitas, a obra é um passeio cultural pela cozinha dos séculos, revelando as preferências e os caprichos culinários de reis, papas, escritores e de D. Pedro II.

O Imperador, homem de hábitos simples, gostava mesmo era de uma canja de galinha. D.Pedro II era tão fascinado por canja de galinha - ou de macuco, uma ave nativa do Brasil, que foi sua principal alimentação nos últimos anos de vida, no exílio na França. Mas, ainda quando estava no Brasil, o imperador não dispensava uma canjinha nem nos intervalos das peças teatrais que assistia. Normalmente, o terceiro ato só começava depois que D. Pedro II terminasse de tomar a canja no camarote do teatro. Ele também contribuiu para que produtos genuinamente brasileiros entrassem no cardápio da Corte.

O livro só não traz a receita da canja. Mas nem era preciso. Toda mãe sabe como fazer uma canja revigorante em casa. A de D. Pedro II levava galinha cozida e desfiada, caldo do cozimento da galinha, arroz e legumes. A canja teve origem na Índia e veio parar na mesa do imperador. Os motivos e as inspirações gastronômicas da França na cozinha de D. Pedro II estão no livro. Vale a pena ter em casa.

Leia trecho

“Nunca houve alguém que gostasse tanto de canja quanto o imperador Dom Pedro II. Impossível calcular quantas vezes ele saboreou esse prato em 66 anos de vida (1825-1891). Era um predileção tão forte que se tornou, nos últimos tempos, o único prato de suas refeições. Tanto fazia se era canja de galinha ou de macuco - ave brasileira como o peru, conhecida pelo pio de uma nota só, pelo ovos azuis e pela carne deliciosa, atualmente ameaçada de extinção e protegida por lei. O importante é que fosse um sopa rica, capaz de dispensar pratos complementares. O imperador a sorvia com surpreendente prazer para uma pessoa de paladar pouco exigente. Seus olhos brilhavam de felicidade cada vez que levava à boca a colher de prata com aquela saborosa combinação de arroz, caldo e carne”.

Vamos a receita?

canja do imperador

 


inGREDIENTES:

·  2 sobre-coxas de frango
·  1 litro de água
·  5 colheres de óleo
·  1 cenoura cortadas em cubinhos
·  1 batata cortada em cubinhos
·  3 dentes de alho amassados
·  2 colheres de cebola batidinha
·  1 xícara de arroz bem lavado
·  1 colher de vinagre de vinho
·  2 colheres de salsa picadinha
·  Sal
·  pimenta do reino e louro em pó a gosto


PREPARO:

 

Tempere o frango com o alho, sal, pimenta, vinagre e louro de véspera. Não retirar as peles.

Leve o óleo ao fogo e dourar bem o frango. Retirar o frango da panela, escorra o óleo e doure a cebola. Coloque a marinada e mais um pouco de água na panela para obter um caldo dourado.

Recoloque o frango na panela com o restante da água e deixar cozinhar por meia hora.
Retire o frango e desfie. Volte com ele à panela e coloque a batata, a cenoura e o arroz. Deixe cozinhar até que fique super cozido. Se precisar, colocar mais água fervente.

No momento de servir salpique a salsa.

Não parece que a comida ganha um ar de história?

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